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Letras e Educação

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A EDUCAÇÃO COMO UM FATOR DE MUDANÇA CULTURAL PROVOCADA: UM DIÁLOGO COM FLORESTAN FERNANDES

 

Patrícia Olsen de Souza - FCL/UNESP – ARARAQUARA

INTRODUÇÃO

Este trabalho pretende empreender um diálogo crítico com as considerações de Florestan Fernandes sobre a atuação da educação como um fator de mudança cultural provocada. As reflexões do autor sobre o tema estão presentes no trabalho intitulado “A ciência aplicada e a educação como fatores de mudança cultural provocada”, escrito para o “Symposium sobre os Problemas Educacionais Brasileiros”, organizado pelo Centro Regional de Pesquisas Educacionais da Universidade de São Paulo, em 1958. Fernandes constrói sua argumentação buscando avaliar como se poderia explorar construtivamente, no Brasil, os recursos postos a serviço da educação pela ciência aplicada. Trata-se de uma discussão de dimensão pragmática, que pretende, antes de tudo, afirmar a perspectiva de que o homem ocidental poderia utilizar o elemento racional típico dessa civilização para o planejamento de sua vida social, por meio da capacidade de controle das técnicas sociais (como a educação) conferida pelo desenvolvimento da ciência.

METODOLOGIA

 Por ser parte de um projeto de pesquisa maior – desenvolvido no curso de doutorado do programa de pós-graduação em sociologia da UNESP – FCL/Ar – essa discussão pauta-se somente na pesquisa bibliográfica e na tentativa de compreensão das formulações do autor, apresentando-se como um procedimento parcial de pesquisa empírica que visa dar base às interpretações a serem realizadas posteriormente.

RESULTADOS PARCIAIS

Florestan Fernandes parte do pressuposto de que tanto a ciência aplicada como a educação operam, em grau variável, como fatores sociais construtivos, dotados de força de transformação social. Nesse sentido o sociólogo salienta a importância da educação no mundo moderno à medida que ela cumpriria funções decisivas no plano intelectual (concorrendo para a formação do horizonte cultural do homem comum), no plano utilitário (apresentando-se como a base para a produção de diversos bens) e no plano moral (como elemento dinâmico da propagação dos ideais associados à liberdade e ao respeito à pessoa). No entanto, a capacidade da educação operar como um fator social construtivo seria restrita quando confinada aos limites da mudança cultural espontânea.

Segundo o autor as potencialidades dinâmicas da educação só poderiam ser exploradas adequadamente – tendo em vista a complexidade dos problemas que a educação suscita em uma sociedade de classes – por meio de sua manipulação em processos de mudança cultural provocada. Nesses processos os limites da ação intencional seriam maiores em virtude da ampliação do grau de racionalidade empregado, permitindo, além da escolha deliberada dos fins, o conhecimento objetivo dos meios, das condições e dos mecanismo de efetivação dos alvos almejados.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

O ponto de vista do autor reflete uma atitude otimista em relação ao processo de racionalização em curso no ocidente, expresso por uma aposta na capacidade da ciência em operar como o centro de um projeto de reconstrução social que garantisse a melhoria da qualidade de vida do homem por meio do planejamento das diversas atividades por ele desenvolvidas. A perspectiva do autor pode ser problematizada por enfatizar excessivamente a suposta capacidade da ciência em concorrer preferencialmente para a solução dos problemas emergentes no mundo moderno. No entanto, não seria apropriado encarar seu ponto de vista como um simples otimismo ingênuo, pois Fernandes desenvolve sua argumentação sobre as relações entre educação e mudança cultural apontando os limites que a dinâmica da vida social (os processos políticos, os interesses de grupos e classes, as pressões do tradicionalismo, etc.) impõe à solução racional dos problemas sociais.

 

PALAVRAS-CHAVE: Florestan Fernandes; educação; ciência aplicada; mudança cultural espontânea; mudança cultural provocada

 

 

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