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Letras e Educação

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A REINVENÇÃO DA INFÂNCIA

Gislaine Maria Rodrigues -

FASAR - Faculdade Santa Rita

Patrícia Aparecida Ribeiro Martinelli -

FASAR - Faculdade Santa Rita

Suelen Pereira Loto

FASAR - Faculdade Santa Rita

 

No texto que ora se apresenta pretende-se incitar uma discussão acerca da temática infância a partir de um diálogo com o documentário “A invenção da infância”, buscando compreender como este conceito foi construído, bem como as justificativas para a necessidade de se pensar nas especificidades da criança. Em pleno contexto do renascimento e das grandes descobertas, lançava-se um novo olhar sobre a criança, compreendendo-a não mais como um adulto em miniatura, incompleto e inacabado. A invenção do conceito de infância fazia parte um projeto idealizado de sociedade e de um mundo melhor. Grosso modo, acreditava-se que ao se proteger a infância, dando um sentido especial a este período da vida humana, contribuir-se-ia para a melhoria das gerações subseqüentes. A infância foi compreendida como uma fase que requeria proteção e tranqüilidade, uma época especial e descompromissada em sua ingenuidade característica, por conseguinte, fecunda e repleta de condições favoráveis ao pleno desenvolvimento de todo o potencial humano. A viabilização deste projeto passava pela necessidade de se pensar em ambientes planejados e profissionais preparados, justificando a origem dos primeiros jardins de infância. Somados aos cuidados elementares da criança estava a preocupação de educá-las em função dos objetivos proclamados e o brincar foi entendido como elemento fundamental neste processo. Desse modo, ocorre a institucionalização da criança e da infância, pois à escola foi creditada a função de materializar este novo conceito social. Entretanto, a realidade evidencia a negligência da infância e a privação de suas condições elementares, tanto por parte das famílias e sociedade quanto pela escola, instituição especialmente pensada para a sua garantia. Vivemos um processo de desconstrução social da infância. O tempo destinado para brincar e desenvolver-se naturalmente é preenchido por compromissos típicos da vida adulta ou atividades planejadas e mediadas por profissionais, nem sempre conscientes da necessidade de deixar fluir livremente a espontaneidade e fantasia que alimentam o repertório emocional, cognitivo e físico da criança. As crianças ingressam nas instituições de Educação Infantil cada vez mais cedo, entretanto, as escolas não estão ainda suficientemente preparadas para acolher suas especificidades: permanecem confinadas e são submetidas a uma rotina maçante, pouco estimuladora ou propícia ao seu crescimento e formação integral. Diante da conclusão do documentário de que “ser criança não significa ter infância”, ressalta-se a emergência de sua reinvenção. É preciso que as escolas assumam suas funções educativas, ultrapassando as barreiras do cuidar por meio da profissionalização do fazer docente na educação infantil. O educar e o brincar deve ser organizado a partir de um planejamento cunhado em objetivos claros, traduzidos em atividades coerentes e desafiadoras. Em suma, a reinvenção da infância deve ser parte de um projeto político mais amplo, que contemple mudanças radicais e investimentos no capital humano, condições materiais e conscientização social, engajando escola, família e sociedade para sua consecução, num processo de reflexão sobre o sentido do que significa ser criança no mundo contemporâneo.

 

Palavras-chave: Infância. Criança. Cuidar. Educar. Brincar.

 


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